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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

RETROSPECTIVA TRICOLOR 2009

- 2009 ACABANDO AGORA! Mesmo que já esteja acabado desde muito tempo. Enfim, o que dizer desse ano que se vai em algumas horas? O certo é que podemos imaginar um 2010 melhor. Ano passado disse a mesma coisa e deu no que deu. Tomara que nesse ano novo seja melhor mesmo. Ano de 2009 passado a limpo, agora aqui no Blog Imortal Sonho!

- O ANO JÁ COMEÇARA ERRADO! O técnico Celso Roth é um cara estranho. Quando muito se valoriza e passa a ser agradável - e não intragável como de costume -, seja com a torcida e imprensa, ele dá um jeito de ser um 'estraga-prazeres'. Foi assim em 2008, quando em entrevista à certa revista do centro do país revelou mágoas e críticas à direção gremista. E foi assim logo após o fim do Brasileirão 2008 com a renovação de contrato por mais um ano. Celso Roth pediu R$ 300 mil, ganhou R$ 200 mil e a incompreensão da torcida. No dia 7 de janeiro, houve a reapresentação dos jogadores no Olímpico para nova e esperançosa temporada de Libertadores. Mas em meio à toda essa expectativa estava Celso Roth. Sinal de que o ano começara errado, como terminaria também.

- GAUCHÃO. O Campeonato Gaúcho fora sempre desdenhado por direção, comissão técnica, jogadores e torcida. Afinal, quem quer Gauchão quando tem a América para conquistar? Mesmo assim é inconcebível disputar uma competição fácil como é o nosso Estadual sem ter a obrigação de ao menos entrar para vencer - mesmo com reservas. O pensamento de que o Gauchão atrapalha a prioritária Libertadores nunca me entrou pela cabeça. Penso assim baseado no fato de que quando o Gauchão se encerra é o momento em que passamos a disputar as fases decisivas da competição sul-americana. Ou seja, não atrapalha. Aliás, Gauchão ganho motiva. Vide 2007 quando vencemos e por pouco não cobrimos a América de azul, preto e branco. Mas tanto desdenharam a competição, que ela se vingou e acabou com todas as nossas pretensões. Três GRE-nais perdidos em muito pouco tempo, eliminados prematuramente do 2° turno pelos rivais - sendo que no 1° Turno perdemos nas finais. Diante disso, como fazer para não crucificar, digo, demitir Celso Roth?

- O ACERTO. Foi a terceira derrota para o Internacional em menos de dois meses, pelo mesmo placar: 2x1. Por mais que fosse o Gauchão, e a prioridade fosse a Libertadores, a situação ficara insustentável. E quem deveria cair em uma hora dessas? O técnico Celso Roth. E ele caiu. O grande acerto da direção gremista em 2009, mandar embora o Roth - "já se foi o disco voador". Pena que o acerto trouxe consigo o erro.

- O ERRO. Feita a acertada demissão de Roth, a direção do Grêmio podendo se redimir acabou por cometer um erro fatal. Enquanto a torcida, até o presidente Fábio Koff, clamava por Renato Portaluppi, a direção nos fez esperar 50 dias pelo técnico Paulo Autuori - um bom técnico, bom currículo, mas que se revelou meses depois uma decisão equivocada. Portaluppi estava de braços abertos para voltar, seria o treinador certo em um momento que o clube precisava de união entre direção e torcida. Ele seria o elo. Mas não, a direção não quis e esperou por Paulo Autuori. Ele veio tarde e com uma filosofia de futebol que não serviria para o Grêmio. Em um momento que precisávamos enfrentar uma batalha pela América, a direção nos brindou com um apaziguador - sem garra, raça e apego às raízes do Imortal. Um grande erro.

- LIBERTADORES E O TRI ADIADO NOVAMENTE. Não há como disputar a Libertadores sem imaginar a conquista ao seu final. Para quem já ganhou duas vezes, a vontade de tê-la, a taça, nos braços uma vez mais nos cega. Por mais que as contratações de certa maneira empolgassem e a base de 2008, vice-campeã brasileira, estivesse mantida, o tricampeonato da Libertadores parecia distante.

O começo contra o Universidad de Chile empolgou, apesar do 0x0 no Olímpico. Ao passo que no Gauchão íamos mal, a desconfiança quanto à uma conquista da América crescia em meio à torcida. Celso Roth durou três jogos. Além do empate na primeira partida, duas vitórias na Colômbia - 1x0 no Boyacá Chicó -, e na Bolívia - 2x1 no Club Aurora.

A continuidade da competição seria com o interino Marcelo Rospide. Eliminado do Gauchão, a Libertadores enfim era o que restava. O ar respirado no Olímpico estava mais leve, bem menos carregado em relação à época do Seu Juarez. O fim da 1ª fase viria com três vitórias. A primeira e a terceira no Olímpico: 3x0 no Club Aurora e mesmo placar para cima do Boyacá Chicó. Fora de casa, no Chile, 2x0 no Universidad. Com cinco vitórias e um empate, 16 pontos na tabela em 18 possíveis, a melhor equipe da Libertadores. Parecia que daria para conquistá-la. Só parecia...

As oitavas-de-final não foram problema. Contra o Universidad San Martín, ainda com Rospide na casamata, passamos por cima no Peru - 3x1 -, e no Olímpico - 2x0. Classificados às quartas-de-final, já teríamos como técnico Paulo Autuori. Contra o Caracas, pouco futebol e regulamento debaixo do braço. Dois empates, 1x1 na Venezuela e 0x0 no jogo da volta. Chegamos às semifinais graças ao gol qualificado marcado fora de casa, não era bom sinal.

A pedra no nosso sapato. Não este ano, mas sempre. O primeiro grande adversário pela frente, o Cruzeiro. Primeiro jogo no Mineirão, segundo aqui em Porto Alegre. Onde nunca fomos bem recebidos, salve exceções, seja por Cruzeiro ou Atlético Mineiro, tivemos mais uma péssima jornada. Dia 24 de junho, Cruzeiro 3x1 em cima do Grêmio. Pós-jogo, confusão e polícia em razão da acusação de racismo do cruzeirense Elicarlos contra Maxi López. Péssima noite, só não pior porque Souza fez o gol de honra. Razão para acreditar na classificação no jogo da volta.

A torcida acreditava na classificação. Bastavam dois gols marcados e nenhum levado para estarmos na final contra o Estudiantes. Não era impossível, porém era improvável. O apoio nas arquibancadas esteve lá, pelo menos de quem conseguiu entrar. Gols perdidos, pressão não surtindo efeito e o tempo passando. Logo a equipe para e o Cruzeiro aproveita. Wellington Paulista marca dois gols em dois minutos. A luta não era mais pela classificação a partir dali, era pela honra e respeito à torcida. No 2° tempo, Réver aos 9 e Souza aos 29 minutos empatam a partida. Por pouco não viramos. Caímos é verdade, mas de cabeça em pé ao menos. Mais uma vez o sonho de reconquistar a América fica adiado. Quem sabe em 2011 a nossa obsessão reacende? Afinal, só "queremos a Copa".

- CONFUSÃO DO LADO DE FORA. Tudo começou bem antes da bola rolar no Olímpico. O que levava aquela multidão ao estádio tricolor, era a crença que com o Grêmio tem que se acreditar sempre. Era semifinal de Libertadores. Ninguém queria perder. Todos foram para apoiar. E ai de quem impedisse!

A Brigada Militar impediu, e aí estava formada uma grande confusão em todos os portões de acesso ao estádio. Começou pelo Portão 10, o da Geral, por volta das 21h, quando a BM fechou o acesso de torcedores. Houve correria para o Portão 13, logo fechado também. Aí o rumo foi tentar o Portão 16. Um aglomerado de gente se empurrando em frente à cavalaria da BM. E eu no meio disso tudo.

Com o ingresso na mão muitos buscavam sensibilizar os brigadianos a abrirem os portões. A sensibilidade deles era demonstrada através de cassetetes, spray de pimenta e gás lacrimogêneo, sem contar o avanço dos cavalos para cima dos torcedores. Vi que por ali não daria para entrar. Alguns brigadianos, mais solidários, indicavam os portões das sociais como entrada para quem estava do lado de fora. Faltavam cerca de 20 minutos para o jogo começar. Nos portões de acesso às sociais e cadeiras a mesma situação: todas trancadas e a mesma atitude desumana da BM.

Com o jogo prestes a começar, pergunto para um brigadiano (um desses poucos solícitos) qual é a situação dentro do estádio. Ele me responde que estava "completamente lotado, sem previsão de abertura dos portões para quem quer ainda entrar". O jogo começa e o tumulto avança para o Quadro Social e à Ouvidoria. Funcionários são ameaçados por torcedores mais exaltados. O grito da torcida dentro do estádio a cada gol perdido ecoa ao redor do estádio apunhalando todos aqueles do lado de fora. O tempo passa, 10 minutos de partida e nada dos acessos ao interior do Olímpico liberados. É hora de enrolar a bandeira e rumar o caminho de casa, sem olhar para trás. Muitos desistem, assim como eu. Quando chego em casa, abro a porta e uma gritaria no bairro. São os colorados, gol do Cruzeiro. Depois veio mais um. Uma noite para ser esquecida, dentro e fora de campo.

O mais engraçado é que passados seis meses, o assunto foi arquivado e até hoje não se sabe o que aconteceu, e quem foi o culpado. A BM na época culpou a direção gremista de superlotação. Os dirigentes, por sua vez, criticaram a postura dos brigadianos, negando qualquer responsabilidade. Já ouvi boatos de que foram colocados mais ingressos à venda do que a capacidade do Olímpico. Se é verdade eu não sei. O que sei, por estar lá, é que a BM agiu da pior maneira possível. Mostrando mais uma vez seu despreparo em lidar com situações de risco. Também sei da falta de respeito com que a direção do clube tratou seus torcedores, muitos deles sócios. Mas o pior é saber que não houve esclarecimentos plausíveis para o que aconteceu, a não ser um mísero
esclarecimento oficial por parte do Grêmio e a possibilidade de trocar o ingresso por um do jogo contra o Corinthians, pelo Brasileirão 2009, ou pelo valor cobrado em espécie. Mas a verdade sobre o que ocorreu é um mistério, que nunca será devidamente desvendado. Já foi esquecido por quem não passou por aqueles momentos.

- BRASILEIRÃO. A prioridade do ano foi a Libertadores. Ao chegar às semifinais da competição sul-americana, o Grêmio 'empurrou com a barriga' as oito primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro. E 'empurrou' mal.

Em oito partidas paralelas aos jogos decisivos da Libertadores, vencemos apenas duas, empatamos três e saímos derrotados em outras três. Em quase 1/4 de campeonato tínhamos um aproveitamento de 37,5% - uma campanha de rebaixado.

Com o fim do sonho de reconquistar a América, restava focar na recuperação no Brasileirão e consequentemente lutar para voltar a disputar em 2010 a desejada Libertadores. Não era uma tarefa difícil, mas o tricolor não se ajudou.

As estatísticas do Grêmio ao final do campeonato nacional não deveriam pertencer à mesma equipe. Em 8° lugar, a equipe gremista foi a melhor jogando como mandante e a pior atuando como visitante. Um demasiado contraste.

Em 19 jogos no Olímpico foram 14 vitórias e 5 empates. No mesmo número de jogos longe de casa conseguiu apenas uma vitória e colecionou 13 derrotas, fora os 5 empates. Para deixar bem claro o quanto foi decepcionante a campanha, nosso prêmio de consolação foi a vaga à Copa Sul-Americana em 2010.

> O QUE MAIS ACONTECEU EM 2009?

- VICTOR, MAIS UMA VEZ DESTAQUE. Em 2008 ele foi o melhor goleiro do Brasil. E em 2009 repetiu a dose. Victor foi além, chegou ao posto de goleiro da Seleção Brasileira. Foi convocado por Dunga para amistosos, Copa das Confederações e Eliminatórias da Copa do Mundo. Não jogou, foi o terceiro goleiro na maioria das vezes. Mas aproveitou as poucas convocações e os escassos treinos para se valorizar. Foi destacado por todos pela técnica, profissionalismo e disciplina. Foi campeão na África do Sul, e deve estar novamente lá em 2010, agora para a disputa da Copa. Victor merece todo esse reconhecimento. Foi eleito pela torcida gremista o craque da equipe em 2009 e pelo segundo ano consecutivo recebeu o Prêmio Craque do Brasileirão 2010 como Melhor Goleiro. Em 2010, nós torcedores desejamos mais defesas espetaculares. E de quebra títulos. Algo que falta ainda no currículo deste vencedor chamado Victor, e apelidado de 'A Muralha'.

- ETERNO, DANRLEI! O ano foi dos goleiros no Olímpico. Se Victor ainda fará muitas defesas, de preferência para o Grêmio, um outro extraordinário goleiro fez as suas últimas defesas vestindo e honrando o manto sagrado. No dia 12 de dezembro, Danrlei se despediu como jogador de futebol diante de um Olímpico lotado por mais de 34 mil torcedores. Acostumado a grandes públicos, não seria diferente em sua despedida.

Na sua festa, todos que rumaram ao velho Monumental ganharam presentes. Para quem já tinha visto, foi fácil relembrar e matar a saudade. Aqueles mais novos que haviam somente ouvido histórias sobre os cruzamentos de Arce, os carrinhos de Dinho, os passes de Carlos Miguel e as jogadas da dupla Paulo Nunes & Jardel, teve a chance de comprovar com seus próprios olhos que todas os contos eram verdade. Sem contar, é claro, nas defesas do anfitrião.

Aquela jogada do primeiro gol do time de 1995 fez valer à pena encarar o frio e a chuva em pleno dezembro, ficando de pé nas sociais. Foi perfeito o lance, o cruzamento de Paulo Nunes e a cabeçada de Jardel. Poderia ter acabado ali o jogo, com a avalanche da Geral e com os aplausos de pé de uma torcida que quer voltar a ser feliz e a viver momentos como aqueles de quase 15 anos atrás. Era mágico aquele tempo, como foi esse 12 de dezembro. Valeu, Danrlei!

- 2010 E UM RECOMEÇO! O ano que se acaba não deixa saudades. Talvez ganhar o GRE-nal do Centenário tenha sido a nossa maior alegria na temporada. É pouco para um clube como o Grêmio. O ano que chega em algumas horas vem repleto de novas esperanças. Não carrega uma Libertadores nas costas, mas uma Copa do Brasil a ser conquistada em busca da América em 2011. Um ano para recomeçar do zero e ao final ser inesquecível. É possível, basta ser o Grêmio!

Blog Imortal Sonho
ACREDITANDO QUE EM 2010, DEUS NOS RESERVOU ALGO MUITO MELHOR!

Fotos: ClicRBS, REUTERS e EFE

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