SOUZA E O CORNETEIRO

Pela segunda vez ele ia em direção ao corner, caminhando rente à cerca que separa o campo suplementar dos torcedores. Ia caminhando, sem pressa, bola debaixo do braço, olhando para o chão. A primeira cobrança de escanteio havia sido mal-sucedida. Baixa e fraca, no primeiro-pau. Alguns murmúrios já se ouviam entre as centenas de torcedores que assistiam ao jogo-treino contra os 'pirralhos' do Porto Alegre, na tarde ensolarada desta quarta-feira.

Em sua volta à linha de fundo, antes de chegar à bandeirinha de escanteio, um corneteiro se dirigiu ao meia.

"Põe força nessa bola, Souza."

"Mais ainda?", retrucou o jogador.

"É, quero ver essa bola no segundo pau", contra-atacou o corneteiro.

"Mas aí eu estouro a bola se fizer isso", brincou o meia enquanto ajeitava a bola para cobrança, procurando seu desafiante no meio da torcida presente.

Ao cobrar, a bola foi mais forte e alta. Foi além do segundo pau, mais do que exigia o torcedor. Assim sendo, foi motivo de aplausos a cobrança de Souza. O último diálogo entre corneteiro e jogador, foi de pura ironia.

"Boa, Souza!"

"E aí, gostou?", falou e saiu o meia, dando as costas ao corneteiro.

Esse é o Souza, falador que só, reforço para o banco de reservas no GRE-nal de domingo.